terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O Soneto

Não era daquelas que escrevia poesia na adolescência, que sofria por amor e então colocava toda a dor sentida no papel, em versos, métricas. Hoje, não costumo ler poesias e sonhar, ouvir poesias e senti-las. Leio quando uma aparece, cai em minhas mãos. Li este poema do Manuel Bandeira pela primeira vez na faculdade e é um dos únicos que sempre lembro, leio de vez enquando e adoro...

SONETO INGLÊS Nº 2
Aceitar o castigo imerecido,
Não por fraqueza, mas por altivez.
No tormento mais fundo o teu gemido
Trocar num grito de ódio a quem o fez.
As delícias da carne e pensamento
Com que o instinto da espécie nos engana
Sobpor ao generoso sentimento
De uma afeição mais simplesmente humana.
Não tremer de esperança nem de espanto.
Nada pedir nem desejar senão
A coragem de ser um novo santo
Sem fé num mundo além do mundo. E então

Morrer sem uma lágrima, que a vida
Não vale a pena e a dor de ser vivida.

Um comentário:

  1. Que lindo!
    Eu sempre amei poesias... mais para ler que para escrever, pois sempre achei que poesia fosse o texto mais difícil de redigir dentre todos os tipos de redações existentes.
    Meus ídolos eram Cecília Meireles e Castro Alves.
    Beijosssss

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